O Legado Georgia

Capítulo 1


        Fazia 20 horas que eu, James Smith, estava lá, na verdade estava quase todo dia no Hospital Estadual do Texas. Não estava com alguma doença ou algo do gênero, na verdade ainda não fiquei doido completamente depois que a minha vida virou do avesso... Mas minha irmã é que estava com sérios problemas, já fazia tempo que ela tinha uma doença chamada leucemia, desde os 12 anos... 


Dessa vez não era uma consulta para realizar um reconhecimento do estado da doença, e sim para ver se conseguiriam mantê-la viva por mais tempo. Ela já sobrevivera 4 anos, e achava que ela superaria essa mais uma vez. Não poderia pensar no fato de perdê-la. Imaginei perder minha "filhinha" que amava, que dedicava cada hora em casa para alegra-la, essa parte não era tão difícil 
Não a culpo pelo fato de não ter muita atenção da minha mãe quando eu era mais novo, ao contrário, eu a amava muito e queria aproveitar todo o tempo com ela. Aliás, além dela tem também dois gêmeos extrovertidos embaixo da mesma casa: John e Thompson.

O incrível é que July não se abalava com a doença e o fato de não ter a vida de um jovem, que ela podia estar viva ir dormir e não acordar. Ela era feliz, simpática e divertia a família. Eu adorava ficar e cuidar com ela tão quanto com a minha namorada, Ellie Collins.

O meu namoro com a Ellie não estava indo nada bem, ela andava diferente ultimamente, era arrogante, se vestia diferente, eu pensava que um espírito maligno tinha entrado no corpo dela e expulsado o espírito benigno, parecia que tinha TPM trinta dias por mês. Foi na faculdade de engenharia que a conheci, eu estudava lá e no primeiro dia eu estava bastante confuso naquela enorme universidade, quando estava no corredor procurando a minha sala nos esbarramos e depois foi acontecendo, fomos nos conhecendo, apresentando-nos para as nossas famílias e pedi ela em namoro. Um ano depois abandonei a faculdade. 

Ellie não ficou nem um pouco contente com isso, não sei porque ela, a garota que me apaixonei, não entendia que estava muito difícil seguir a carreira com a minha família perturbada ... E nesses dias achava que ela me trai, pelo jeito que andava me tratando, ela era muito ausente e ainda tinha um amigo chamado Peter: alto, loiro, olhos castanhos claros, forte, mas se dizia gay... Não acreditava nisso, sinceramente. Não podia competir com ele, eu não era tão alto, era engraçado, não tinha olhos bonitos eram pretos, eu moreno meio nerd apaixonado por poesias. A única coisa que me restava era torcer...

Deixei a universidade pela minha família, eu sei que parece meio estranho, já que com o dinheiro do emprego após a faculdade completa garantiria uma vida melhor. Saí da faculdade quando meu pai foi morto, ele exercia a função de fuzileiro naval e morreu em 2005 na guerra. Sabia que com isso minha irmã iria piorar mais ainda e a família ficaria aos pedaços e também tinha a certeza de como era o mais forte sentimentalmente, eu iria sustentar a nossa casa. Não podia esperar mais 3 anos até me formar. 

Então fui fazer o que gostava mesmo: inventar, criar, todos os verbos para descrever esses. Eu tinha um dom da invenção, com 8 anos já criava de carrinhos de controle remoto até robôs. Ganhei vários prêmios com invenções, mas já que meus pais falavam que não dava futuro, estavam errados, segui carreira de engenheiro civil. Depois que comecei a criar e projetar coisas, ganhei muito dinheiro com encomendas e tudo mais, até usei outros talentos e virei artista nato. Então criei minha galeria que ficava a um quilômetro da minha casa. Era um lugar onde eu podia me expressar.

Era tão entediante ficar naquele sofá do quarto do hospital tão escuro,  que era iluminado através da luz do corredor que passava pelas persianas e clareava o ambiente e o rosto de July. Não conseguia parar de perceber os detalhes do ambiente e olhar para a minha irmã tão pálida, na cama, respirando com ajuda de aparelhos. Aquela garotinha tão lindinha: cor branca, cabelo loiro, olhos azuis tão claros. Parecia uma boneca, olhava para ela e não via uma adolescente, e sim, uma menininha. Ju estava usando o seu pijama favorito: Roxo com bolinhas brancas e suas pantufas de coelhinho.

Fiquei reparando mais algumas coisas e percebi que Ju estava acordando, então me levantei rapidamente em direção a ela:




Capítulo 2

— Bom dia, princesa! — Falei sentando no sofá.

— Oi. — July resmungou em um tom arrogante e triste de se ouvir. Logo percebi que sua expressão facial não estava nada boa. É difícil vê-la assim e quando vejo parece que levo um choque. Tentei fazer outro comentário para descontrair:

— Sabe aquele desenho que assistíamos na TV quando você tinha 8 anos? — Ela fez um gesto para que eu prosseguisse. — Está passando agora. Que tal se... –July me interrompeu.
— Estou com fome. Pode, por favor, me trazer alguma coisa para comer? — Mesmo mal humorada, sua educação não falha. Assenti com a cabeça, levantei do sofá marrom de veludo, abri a porta que parecia ser de carvalho para sair daquele quarto com cheiro de álcool, acenei para ela sorrindo e fui procurar a recepção. Nem vi se Ju retribuiu meu gesto. Fui andando no corredor cambaleando de um lado para outro, parecendo um drogado.
    Enquanto andava no corredor à procura da recepção, fiquei reparando as pessoas que estavam nos outros quartos e percebi que só havia jovens com leucemia, óbvio, aquela era a região do HET com leucêmicos. Eu sabia onde se localizava a recepção, já tinha ficado nesse hospital mais vezes, só que poucas nessa região. Nosso plano não era mais aceito pelo antigo hospital que íamos, então tivemos que vir para esse. Cheguei na recepção perguntei a senhorita que estava lá:

SEXTA +

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